“Estamos juntos pela comunicação universitária”. Foi com essa frase que a professora e pesquisadora Valci Zuculoto (UFSC) abriu o IV Fórum de Rádio e TVS Universitárias do Intercom 2020. Junto a ela, coordenaram o fórum os pesquisadores Marcelo Kischinhevsky (UFRJ), Debora Cristina Lopez (UFOP) e Iluska Coutinho (UFJF). Para a mesa de abertura foi discutido o papel da radiodifusão universitária na educação midiática sob as falas de Daniel Martin Pena (RIU/UEX – Espanha), Thiago Regotto (EBC) e Ivanova Nieto Nasputh (Universidad Central de Ecuador/Red de Radios Universitarias de Ecuador).

As rádios universitárias são muito numerosas e têm um papel fundamental em trazer um lugar não comercial para esse formato de mídia. É o que pensa Thiago Regotto, coordenador e produtor da rádio MEC FM. Para ele, as rádios universitárias têm um grande desafio de pensar em uma programação complementar ao mercado, e ao mesmo tempo que seja formadora e atraente. “É importante que o aluno tenha contato com esse universo e esteja diante desses desafios. Ninguém vai ficar ouvindo a rádio só porque ela é pública.”, completa Thiago. 

A professora e pesquisadora Ivanonna Nieto Nasputh trouxe um panorama do assunto no Equador. Segundo ela, as rádios universitárias são recentes no país e muito conectadas às redes sociais, e mesmo atreladas a plataformas digitais elas ainda assim cumprem a função de instruir sobre uma educação midiática. “A educação midiática tem a ver com a relação do que se aprende na universidade para aplicar na sociedade.”

O pesquisador Daniel Martin Pena também comentou sobre o uso das novas tecnologias nas rádios. Para ele, a rádio é igual a um camaleão, pois se adapta a qualquer situação, como é o exemplo dos programas de áudio na internet em formatos de podcasts. Ele ainda ressalta que, neste contexto da pandemia, as rádios universitárias cumprem um serviço à cidadania, o qual muitas emissoras de serviço comercial não cumprem, já que as primeiras se baseiam em quatro perspectivas: a divulgação, o social, a formação e a educomunicação. 

Adaptação e resistência

Durante a tarde os conferencistas Marcelo Kischinhevsky (UFRJ), Debora Cristina Lopez (UFOP), Valci Zuculoto (UFSC), José Carlos Marques (UNESP), Norma Meireles (UFPB), Eliane Albuquerque (UESC) compuseram a mesa que abordou os desafios das rádios universitárias diante da Covid-19. Cada um deles apresentou o projeto de rádio desenvolvido em suas respectivas universidades.

Na UFRJ, Marcelo Kischinhevsky contou que a premissa da Rádio UFRJ, para além de ser um canal de comunicação entre a administração da universidade e a comunidade acadêmica, também busca qualificar servidores e estudantes, não só aqueles da comunicação, em mídia sonora. Para isso, eles realizam chamadas públicas para seleção de conteúdo com o intuito de diversificar a programação da rádio. “Recebemos 41 propostas, tanto daqui da UFRJ quanto de outros lugares do país, 35 foram aprovadas e 20 já estão no ar.” Mesmo cumprindo um dos objetivos, Marcelo contou que o projeto tem enfrentado uma série de desafios que dificultam o processo de uma  rádio universitária, como a falta de investimento e custeios, a conexão instável da universidade, e agora, a recente rotina de produção por causa da pandemia.

Na UFSC, onde Valci Zuculoto é pesquisadora, as redes sociais salvaram o projeto de rádio universitária nesse período pandêmico. Ela contou que sem a possibilidade de acesso ao estúdio, as gravações foram feitas remotamente. “Mesmo dentro de casa, produzimos uma cobertura jornalística disponível na internet, chamada ‘Repórter UFSC no Combate ao Coronavírus’. É a convergência midiática como oportunidade para o radiojornalismo”, afirma. 

É nesse mesmo estilo de formato para a internet que funciona a emissora Porto Capim, da UFPB. Norma Meireles disse que o projeto surgiu através de um trabalho de mestrado e vem dando certo. 

Já na UNESP, a Rádio UNESP FM, que é subordinada à reitoria da universidade, vem passando por dificuldades de produção por questões envolvendo a dispensa de funcionários por parte do governo estadual. José Carlos Marques reiterou que, por enquanto, a maioria dos programas estão suspensos, mas a programação legal como a propaganda eleitoral e os pronunciamentos oficiais ainda são transmitidos. 

Produções premiadas

No fim da tarde, logo após a Reunião anual da Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA), Debora Cristina Lopez (UFOP) e Nélia Del Bianco (UnB/UFG) mediaram o 1º Prêmio Rubra de Rádio Universitário, que premiou as melhores produções realizadas em 2020, em diversas categorias, pelas emissoras universitárias. 

O “Especial Coronavírus – Informação e Conhecimento”, produzido pela UFRJ, foi premiado na categoria reportagem. Na categoria documentário, o prêmio foi para “Abraços Odiados”, produzido pela rádio da Unesp. “Vida em quarentena” da UFMT, foi o premiado na categoria podcast. Em radiodrama o “Auto da Compadecida em Tempos de Pandemia”, produzido pelos estudantes da UFPE foi o contemplado. E “Outra estação”, da UFMG, foi gratificado na categoria divulgação científica.