A arquitetura de Salvador é diversa, mas alguns elementos se repetem quando olhamos com mais cuidado em um passeio pela cidade, como as cores e a prevalência das formas geométricas. Casas que remontam a um passado colonial e obras artísticas contemporâneas podem ser vistas nesse flanar, quase sempre recheado de cores vibrantes, muitas vezes primárias, linhas retas e formas circulares que resultam uma composição única.

É em parte desse perfil arquitetônico que a identidade visual do  43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação se inspira. A identidade, composta de marca, padrões e tipografia, foi desenvolvida para o encontro que acontece em setembro de 2020, na capital baiana. Buscou-se, com ela, resumir o espírito único da edição 2020 do maior evento acadêmico de Comunicação do país, trazendo elementos culturais e artísticos de sua sede. 

Marca do 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação 

As responsáveis pela elaboração da marca foram as estudantes da Universidade de Brasília Ana Carolina Braga e Cecília Cartaxo. As acadêmicas do curso de Design explicam que buscaram criar uma identidade própria e única para o INTERCOM 2020, utilizando Salvador como ponto de partida, mas sem usar estereótipos na construção do logotipo. Fugiram, portanto, de alusões diretas a pontos turísticos conhecidos (como o elevador Lacerda) e ao carnaval. 

“Na pesquisa prévia, constatamos que muitos eventos que acontecem na cidade usam esse estereótipo. Vimos nessa pesquisa que havia algo muito geométrico na cidade, na arquitetura, nas casas e nos monumentos. Bem como as cores”, explica Cartaxo. O resultado foi o logotipo de tipografia simples e sóbria, mas de padronagem colorida e geométrica. 

Formatos arredondados do Forte Nossa Senhora de Monte Serrat foram utilizados como referência para a construção da marca.
Construções do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, também inspiraram a criação. 
(FOTO: Ministério do Turismo – Márcio Filho)

Inspiração artística  

Para completar a lista de referências, as estudantes recorreram a artistas baianos, em especial ao pintor e escultor Rubem Valentim. As obras do artista mostraram-se em sintonia com o ponto de partida de criação das estudantes de Design, já que são caracterizadas pelo uso de uma geometria rigorosa, formada por linhas e círculos, aliando-se isso ao uso criativo das cores. 

A escolha mostra-se ainda mais certeira quando consultamos a biografia de Valentim. O artista é duplamente filho da Universidade Federal da Bahia — formou-se em 1946 no curso de Odontologia e sete anos mais tarde graduou-se em Jornalismo. Valentim, ainda, fez parte movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, juntamente com Mário Cravo Júnior, autor do Monumento à Cidade de Salvador.  

Obra de Rubem Valentim (1975)