A Jornada Beltraniana 2020 discutiu, na manhã e tarde desta sexta-feira (4), no 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, assuntos voltados à Folkcomunicação, estudo da comunicação popular e folclórica. Foram realizados quatro momentos no auditório online Senhor do Bonfim, onde estiveram presentes professores que fazem pesquisas na área.
A Folkcomunicação é uma disciplina científica que tem como objetivo estudar a comunicação das comunidades populares e do folclore. O termo foi usado pela primeira vez em 1967 pelo jornalista e escritor brasileiro Luiz Beltrão. Por isso, o tema geral da Jornada Beltraniana 2020, criada para aprofundar estudos pesquisados pelo autor, foi “Um mundo e muitas vozes na comunicação dos marginalizados”. Já os subtemas foram divididos entre as 4 mesas do evento.
A primeira discussão visou responder o questionamento: “Folkcomunicação: uma comunicação utópica?”. A segunda mesa trouxe o subtema: “40 anos de “Folkcomunicação: a comunidade dos marginalizados”. A terceira discutiu o assunto “Comunicação Intercultural: respeito à cultura de cada povo” e a quarta e última mesa abordou a temática “As vozes de todos os povos”.
Os pesquisadores presentes realizaram suas apresentações com o auxílio de vídeos, entrevistas e slides. Mencionaram produtos midiáticos de sucesso que retratam a diversidade brasileira por meio da comunicação e ainda fizeram comentários sobre a relevância da folkcomunicação para a diversidade cultural.
“Esses estudos das identidades culturais são de grande importância para o jornalismo e as relações dialógicas. Produtos como o Auto da Compadecida, O Pagador de Promessas e o personagem Jeca Tatu são obras que tiveram grandes projeções midiáticas e retratam a diversidade da nossa cultura”, explicou a professora Maria Isabel Amphilo, da Universidade Metodista de São Paulo e integrante da Rede de Estudos e Pesquisa em Folkcomunicação (Rede Folkcom).
Foram feitas também críticas à pouca representatividade que algumas comunidades têm na comunicação de grande escala. O pesquisador Marcelo Pires, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e da Rede Folkcom, comentou que populações como a LGBTQIA+ vêm ganhando espaço nas mídias tradicionais, mas que ainda é muito pouco em vista do espaço que conseguem ter na internet. “É preciso discutir de forma natural em todos os espaços midiáticos a presença de corpos e conceitos diferentes da cultura heteronormativa. É preciso dar voz para que todos saibam que existe”, enfatizou.
Já a pesquisadora Cristina Schmidt, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e também integrante da Rede Folkcom, pontuou que a comunicação ainda é desigual. “Com essas reflexões, a diversidade vai aos poucos tomando um poder de comunicar que a gente sabe que não é homogêneo”..
A Jornada Beltraniana 2020 foi finalizada discutindo aspectos da pesquisa sobre Folkcomunicação. Sobre o assunto, o professor da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) e integrante da Rede Folkcom, Wolfgang Teske afirmou que o investigador da área não pode dar a sua opinião sobre o que está observando. Se fizer assim, ele estará contaminando o objeto estudado. “Tem que se despir do preconceito e deixar eles falarem, se expressarem. Tem que ser de fato a voz deles”, afirmou.