Em sua sexta edição, o Fórum Socicom-Intercom integrou o quarto dia de atividades do 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom. Ao longo do dia, as conferências que compuseram o Fórum debateram temáticas relacionadas à Educação do Ensino Superior, e aos avanços e inovações científicas e tecnológicas em comunicação no Brasil. O evento contou com transmissão inteiramente online e pode ser acessado clicando aqui.
Com mediação da professora Ana Regina Rêgo, Presidenta na Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação (Socicom), a primeira mesa do VI Fórum Socicom-Intercom contou com a participação dos professores Reinaldo de Carvalho (Presidente da Sociedade Astronômica Brasileira e componente do GT SBPC/CAPES); Edson Dalmonte (Coordenador de Área de Comunicação e Informação na CAPES) e Maurício Ribeiro da Silva (Presidente da COMPÓS). Ao longo de suas falas foram propostas reflexões sobre as perspectivas para o futuro da pós-graduação em Comunicação no Brasil.
Durante a abertura das discussões, o professor Reinaldo de Carvalho sugeriu que pensássemos em algumas questões específicas sobre o desenvolvimento dos programas de pós-graduação no Brasil. “Qual o papel da pós-graduação? A pós-graduação tem alcançado seus objetivos ao longo dos anos?”, questionou. Reinaldo pontuou que o sistema de pós-graduação no Brasil é “bastante jovem” e precisa ser pensado e repensado para que possamos trabalhar de maneira integrada, entre os diferentes segmentos da pesquisa científica, para o desenvolvimento de políticas públicas na educação do ensino superior.
Para o Coordenador de Área de Comunicação e Informação na CAPES, Edson D’Almonte, é importante ressaltar que a história da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) sempre esteve ligada ao contexto político do Brasil. O professor pontuou que as pesquisas desenvolvidas no âmbito da pós-graduação passam por um processo robusto de avaliação para concessão de bolsas. Ele disse ainda que os elementos de avaliação passaram por uma modificação que busca compreender por que, no cenário internacional, o Brasil ainda ocupa as últimas posições nos indicadores de impacto. “Precisamos ter clareza para o debate que nos coloca num cenário internacional, não de dependência, mas de diálogo. Por que temos os piores indicadores? Pra mim, a questão é essa!”, completou Edson.
Em suma, a mesa debateu pontos relacionados à “Proposta de Aprimoramento da Avaliação da Pós-Graduação Brasileira para o Quadriênio 2021-2024 – Modelo Multidimensional”. Foram tensionadas questões relativas aos pontos principais do modelo de avaliação do sistema de pós-graduação. Assim, a discussão lançou luz sobre a redefinição das áreas de conhecimento; definição de indicadores e avaliação por comissão externa; a inserção de Indicadores únicos para todas as áreas; proposta de extinção do Qualis periódicos; os resultados financeiros como indicador de impacto; entre outras considerações.
Para a professora Ana Regina Rêgo, o modelo de avaliação da pós-graduação coloca a produção de conhecimento desenvolvida nesses programas dentro de uma metodologia de submissão quando, na verdade, deveria ser um processo de transformação social. “O que nos interessa, em termos de impacto, é somente o processo de citação e, portanto, de qualificação das reputações de quem está produzindo conhecimento ou é o processo de impacto na transformação social desse país?”, questionou.
Plataformas digitais e a importância de regulamentações
(Por Milenna Alves)
Dando continuidade aos debates do IV Fórum Socicom – Intercom, a segunda mesa do evento trouxe como temática “Plataformas digitais e regulamentação no Estado Brasileiro” mediada pela professora Nélia Del Bianco (SOCICOM/UFG/UNB) e teve como palestrantes Marcos Dantas (CGI/UFRJ) e Helena Martins (UFC/INTERVOZES).
A proposta do encontro foi discutir a legitimação de regras no uso das plataformas digitais, além de tecer históricos e reflexões sociais sobre os espaços que as plataformas ocupam na construção do debate público.
O professor da Escola de Comunicação da UFRJ, Marcos Dantas, trouxe em sua fala uma apresentação histórica dos primeiros fatos que despertaram debates a respeito da análise das plataformas digitais, observando a internet como instrumento de vigilância da sociedade. “A tecnologia não é neutra, pois foi desenvolvida por interesses políticos e econômicos que a desenvolveram para interesses políticos e econômicos”, lembrou.
O palestrante ponderou sobre a atuação das plataformas que utilizam dados pessoais fornecidos através dos perfis como fonte de monetização, sem remuneração, das atividades dos usuários dentro das plataformas, o que pode caracterizar o que o pesquisador chamou de “mais-valia 2.0”.
Para ressaltar a importância de pesquisas e debates sobre a regulamentação de leis para as plataformas, que contribuem para discursos antidemocráticos, racistas, sexistas e de ódio, o professor argumentou que todas as ações da vida dentro de uma sociedade democrática são regidas por regras e que “as plataformas invadiram o mundo querendo estar acima das regras”.
Para a professora de Comunicação da UFC, Helena Martins, “a configuração que as plataformas assumiram na sociedade requer controle e regulamentação”. A palestrante enfatizou que as plataformas são um mercado capitalista, o que provocou a exploração privada das redes para acumulação do capital. A ideia trazida pela professora foi exemplificada pelos domínios de diversas plataformas por um grupo específico, como o Facebook, que é proprietário do Instagram e do Whatsapp.
Outro fator que divide o debate sobre a regulamentação dentro dessas plataformas digitais é o discurso de liberdade de expressão, defendido por muitos e principalmente pelos detentores desses meios. Assim, para os professores da mesa, uma política de regulamentação de leis para uso e comando desses serviços é importante para estabelecer mecanismos de pluralidades nesses espaços, e que sejam espaços democráticos.